Liberdade é pouco.
O que eu desejo ainda não tem nome.
Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu
saberei se foi a falha necessária.
E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano.
... estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender.
Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar
com o que vivi.
Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa
desorganização profunda.
... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de,
se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a
frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a
criadora de minha própria vida.
Foi o apesar de que parei na rua e
fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi.
E desde logo
desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo
que eu quero.
Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz
mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.
É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa
um modo
de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que
vivo.
Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender
é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que
sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como
falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom
é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter
loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não
demais: mas pelo menos entender que não entendo.
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