Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.
O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
Porque é uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando nem onde.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo -
quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo,
não sei me entregar à desorientação.
O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
pensava que,
somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as
incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido
carinho, pensei que amar é fácil.
Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às
vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver
a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação
inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou
subitamente o rosto e olhou uma árvore.
Seu coração não bateu no peito, o
coração batia oco entre o estômago e os intestinos.
Eu não sou promiscua.
Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscópicamente registro.
E se me achar esquisita, respeite também.
até eu fui obrigada a me respeitar.
Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada.
Ter nascido me estragou a saúde.
Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante.
...e ela cada vez maior, vacilante, túmida, gigantesca
se conseguisse chegar mais perto de si mesma, ver-se-ia ainda maior...
e em cada olho podia-se-lhe mergulhar dentro e nadar sem saber que era um olho...
...sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada.
e se quisesse podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante...
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