rodopiar na eira com a virgem
sem mácula
a qual seduziste com esse olhar ébrio de aço
doce como o mel onde me deliciei.
Vem cantar-me um fado
sem ar de fadista,
apenas por (me) desejares
conquistar o mar onde me deleito.
Vem dizer-me o que nunca terás coragem de fazer.
Eu sei de ti,
desde o tempo em que fazias dançar no chão o teu pião
e jogavas às caricas e ao berlinde.
Sei de ti desde os cravos arrancados com raiva
tombando inertes,
despedaçados dos braços de minha Mãe.
Sei-te desde o embrião e doeste-me nos fórceps
talvez por isso meu destino debruado a azul
ainda grite rebelião perante o sarcasmo
com o qual me despes sorridente.
Sei que jamais virás, que cirandar atordoado e 'contente'
é não teres que malhar o trigo na eira
nem comungar da alegria genuína da nossa gente
assim como para recomeçar terias que morrer
e a morte apavora-te mais que viver!
Continuarei a voar com os pássaros
desenhando andorinhas no papel
e acabarei por te esquecer. Todas as palavras por desbravar
tantas as ousadias por viver...
Célia Moura
Ilustração - "pixabay"
Ilustração - " Pixabay " |
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