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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Saudades - Florbela Espanca

Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração! 



Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão. 



Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti! 



E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim! 



Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

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