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domingo, 24 de novembro de 2019

Ambiciosa

Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O vôo dum gesto para os alcançar... 


Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar...
- Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar! 


Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus! 


O amor dum homem? - Terra tão pisada!
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? - Quando eu sonho o amor dum deus!... 


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"


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