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sexta-feira, 12 de outubro de 2018
METAMORFOSE
Tanto é o veneno
a escorrer a podridão dos dias,
quando cai a náusea do medo
no entardecer dos cabelos…
o húmus nas cidades gerado!
És o carrasco,
amante amargo no âmago das trevas
sorvendo as águas a todos os riachos!
Que fosso, que lodo
te faz vibrar assim,
ó louca soberba,
a espernear na alma das crianças famintas
apenas de paz e pão?!
Ó Humildade, onde escondes teu rosto,
quando finalmente desvendadas,
as cobras têm olhos de gente?…
…E, sobem às mais altas árvores,
imponentes,
porém, rastejando sempre a maldição
do seu próprio ventre.
E, na seiva que de ti jorra temporais,
dessa escória que te possui,
ó alienado,
vais rindo, rebolando e remexendo,
embriagando escorpiões atormentados,
e ofereces o deserto aos devastados corpos já sugados.
Esses órfãos corpos que não te atreves beijar,
porque te cheiram à fragrância das flores silvestres,
e não ousas suportar!
© Célia Moura – in “Jardins Do Exílio”
(Ilustração – Obra de MJTiccino)
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