nem pelo uso das coisas, colher, roupa, caneta, roupa intensa com
a respiração dentro dela, e a tua mão sangra na minha,
brilha inteira se um pouco da minha mão sangra e brilha,
no toque entre os olhos, na boca, na rescrita de cada coisa já escrita
nas entrelinhas das coisas, fiat cantus!
e faça-se o canto esdrúxulo que regula a terra,
o canto comum-de-dois, o inexaurível,
o quanto se trabalha para que a noite apareça,
e à noite se vê a luz que desaparece na mesa,
chama-me pelo teu nome, troca-me, toca-me
na boca sem idioma, já te não chamaste nunca,
já estás pronta,
já és toda
Herberto helder
'A Faca não Corta o Fogo'
(Escolha de Hugo Pinto Santos)

Sem comentários:
Enviar um comentário