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terça-feira, 9 de junho de 2020

À Morte peço a paz farto de tudo

À morte peço a paz farto de tudo,
de ver talento a mendigar o pão,
e o oco abonitado e farfalhudo,
e a pura fé rasgada na traição,
e galas de ouro es despejados bustos,
e a virgindade à bruta rebentada,
e em justa perfeição tratos injustos,
e o valor da inépcia valer nada,
e autoridade na arte pôr mordaça,
e pedantes a engenho dando lei,
e a verdade por lorpa como passa,
e no cativo bem o mal ser rei.

    Farto disto, não deixo o meu caminho,
    pois se eu morrer, é o meu amor sozinho.

William Shakespeare, in "Sonetos (66)"


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