Insónia.
Abro a janela.
Esvaimento
No abismo da solidão estrelada.
É inquietante a paz e um sentimento
De hora nenhuma vai da lua ao nada.
Tem nisto um deus sinistro o instrumento
De submeter-me em morte figurada?
Silêncio astral.
Estático tormento
No eterno insone que inspira a hora parada.
Suga-me o sangue um polvo agonizante.
Marginam o pensamento delirante
Espectros de prostitutas na avenida.
Pesam as pálpebras.
Apodrece a ideia
De adormecer.
O dia já clareia
Num galho tenro da árvore da vida.
Natália Correia
de Inéditos (1985/90)

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