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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Insónia

Insónia.
Abro a janela.
Esvaimento
No abismo da solidão estrelada.
É inquietante a paz e um sentimento
De hora nenhuma vai da lua ao nada.
Tem nisto um deus sinistro o instrumento
De submeter-me em morte figurada?
Silêncio astral.

Estático tormento
No eterno insone que inspira a hora parada.
Suga-me o sangue um polvo agonizante.
Marginam o pensamento delirante
Espectros de prostitutas na avenida.
Pesam as pálpebras.

Apodrece a ideia
De adormecer.

O dia já clareia
Num galho tenro da árvore da vida.

Natália Correia
de Inéditos (1985/90)


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