Às vezes ponho-me a pensar se a aceitação
calma da morte no homem da
terra não
será o resultado desta íntima comunhão
com o ritmo da
natureza.
No inverno, árvores despidas; na primavera,
folhas e flores;
no verão, frutos.
No inverno seguinte, árvores despidas;
na primavera,
folhas e flores; no verão, frutos.
No inverno a seguir...
Eu bem sei que
o homem da cidade tem por
sua vez mil maneiras de notar este eterno
retorno da vida e da morte.
Parece-me é que ali a coisa não tem esta
nitidez,
esta evidência, esta fatalidade.
Miguel Torga, in "Diário (1936)"
1 comentário:
Torda, grande poeta.
E pessoa simples, ao que ouvi dizer!
Um abraço!
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