loading...

sábado, 28 de novembro de 2020

Inocência

De um lado, a veste; o corpo, do outro lado,
Límpido, nu, intacto, sem defesa...
Mitológico rosto debruçado
Na noite que, por ele, fica acesa! 


Se traz os lábios húmidos e lassos
É que a paixão sem mácula ainda o cega
E tatuou na curva de alvos braços
As sete letras da palavra: entrega. 


Acre perfume o dessa flor agreste.
Álcool azul o desse verde vinho.
De um lado o corpo; do outro lado, a veste
Como luar deitado no caminho... 


Em frente há um pinheiro cismador.
O rio corre, vagaroso ao fundo.
Na estrada ninguém passa... Ai! tanto amor
Sem culpa!
                      Ai! dos Poetas deste mundo! 


Pedro Homem de Mello, 
in "O Rapaz da Camisola Verde"

1 comentário:

Luiz Gomes disse...

Boa noite José. Obrigado pelo texto lindo e especial. Bom domingo.