Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.
Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los;
Donde já me não fica mais de resto.
Assim que Alma, que vida, que esperança,
E que quanto for meu, é tudo vosso:
Mas de tudo o interesse eu só o levo.
Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho, e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
1 comentário:
Bom dia meu amigo José. Acho que nunca ficaremos sem dever alguma pessoa. Imagino a nossa família?
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