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domingo, 16 de maio de 2021

De um Amor Morto

De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano 


De um amor morto não fica
Nenhuma memória
O passado se rende
O presente o devora
E os navios do tempo
Agudos e lentos
O levam embora 


Pois um amor morto não deixa
Em nós seu retrato
De infinita demora
É apenas um facto
Que a eternidade ignora 


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"

1 comentário:

Luiz Gomes disse...

Boa tarde José. Mais uma autora que eu não conhecia. Parabéns pelo seu trabalho excelente meu amigo.