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terça-feira, 26 de março de 2019

Meu ser evaporei na luta insana

Meu ser evaporei na luta insana
Do tropel de paixões que me arrastava:
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quasi imortal a essência humana! 



De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana. 



Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos 



Deus, ó Deus!... quando a morte a luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube. 



Bocage, in 'Rimas'

1 comentário:

Hercília Fernandes disse...

Adoro esse soneto da fase lírica de Bocage.

Belo espaço. Parabéns!