Olé
Deus brasileiro, Deus de casa.
Venha nos ajudar com a sua graça.
Deixe
o outro Deus metido em Roma
(O que assusta as criancinhas que não
rezam de noite,
ocupado com a arrecadação de Padre-nossos).
Fique aqui
com a gente.
O Brasil anda ruinzinho.
Por favor, nos acuda (senão isso
não vai).
Precisamos de mágica.
Queremos macumba.
Feitiçaria.
Qualquer
coisa serve.
Dê um jeito de perdoar as nossas dívidas
(de imposto de
renda, taxas de consumo
O preço das coisas não pára.
Imagine: cafezinho
a 25 cruzeiros!)
Não deixe o Brasil cair de novo em tentação e
corrupção
(desfalques na Caixa Econômica, Instituto de Aposentadoria e
outras coisas).
O feijão preto de cada dia dê-nos hoje
(feijão com
charque, arroz, média-pão-com-manteiga).
Queremos renovar os nossos
entusiasmos.
Ter de novo um Brasil cheio de ternura, com embalos de
rede
e cata-piolhos: essa “Nêga Fulô; um Brasil que se diverte
nas ruas
com o “Bumba-meu-boi”;
Brasil do Ascêncio Ferreira: “Hora de
trabalhar? Pernas pro ar”.
Amém
Raul Bopp
Poeta / Diplomata / Brasil
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