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domingo, 24 de novembro de 2019

Para o Meu Coração...

Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma. 


És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda. 


Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem. 


Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma. 


Pablo Neruda, in 
"Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada"

1 comentário:

Unknown disse...

José Tristão, parabéns pelo espaço.
A poesia é mágica, é revolucionária, é inspiradora.