Há nomes que ficam, sem préstimo, nas agendas,
transitam de ano para ano por inerência
ou desleixo, por vezes o nome próprio
é uma referência obscura, e nunca houve apelido.
transitam de ano para ano por inerência
ou desleixo, por vezes o nome próprio
é uma referência obscura, e nunca houve apelido.
Os números, em poucos anos, passam de
mnemónicas a criptogramas, indicam sem
dúvida que nos cruzámos com gente que se
cruza connosco, que trocámos telefones como se
trocássemos alguma coisa, mas tudo muda, os
conhecidos tornam-se amigos e depois desconhecidos.
Estes nomes, posso riscá-los como se fosse velho e
eles mortos, mas os números, como uma praga,
acumulam-se, escritos com tintas diferentes
e por vezes nas letras erradas.
acumulam-se, escritos com tintas diferentes
e por vezes nas letras erradas.
Não posso desfazer-me das agendas nem começar
uma todos os anos, mas já não sou o mesmo:
os números observaram as minhas idades e talvez
os números observaram as minhas idades e talvez
pudesse agora marcar este que não me diz nada
e contar tudo a alguém que não se lembra de mim.
e contar tudo a alguém que não se lembra de mim.

Sem comentários:
Enviar um comentário