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sexta-feira, 26 de junho de 2020

O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva

Meu entranhado amor, morte que é vida,
tua palavra escrita em vão espero
e penso, com a flor que se emurchece
que se vivo sem mim quero perder-te. 


O ar é imortal. 
A pedra inerte
nem a sombra conhece nem a evita.
Coração interior não necessita
do mel gelado que a lua derrama. 


Porém eu te suportei. 
Rasguei-me as veias,
sobre a tua cintura, tigre e pomba,
em duelo de mordidas e açucenas. 


Enche minha loucura de palavras
ou deixa-me viver na minha calma
e para sempre escura noite d'alma. 


Federico García Lorca, in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar Mendes 

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