Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
Fique de vez em quando só, senão você será submergido.
Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.
Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada.
E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço.
Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.
O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente
quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade
que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.
Falta apenas
o golpe da graça - que se chama paixão.
Tenho várias caras.
Uma é quase bonita, outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo.
Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdoo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.
Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.
A palavra é meu domínio sobre o mundo.
Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa todo entendimento.
Renda-se como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu
mergulhei.
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que,
somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as
incompreensões é que se ama verdadeiramente.
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