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terça-feira, 19 de março de 2019

A Rosa

Tu, flor de Vénus, corada Rosa,
Leda, fragrante, pura, mimosa, 


Tu, que envergonhas as outras flores,
Tens menos graça que os meus amores. 


Tanto ao diurno sol coruscante
Cede a nocturna lua inconstante, 


Quanto a Marília té na pureza
Tu, que és o mimo da Natureza. 


O buliçoso, cândido Amor
Pôs-lhe nas faces mais viva cor; 


Tu tens agudos cruéis espinhos, 
Ela suaves brandos carinhos; 

Tu não percebes ternos desejos,
Em vão Favónio te dá mil beijos. 


 Marília bela sente, respira,
Meus doces versos ouve, e suspira. 


A mãe das flores, a Primavera,
Fica vaidosa quando te gera; 


Porém Marília no mago riso
Traz as delícias do Paraíso. 


Amor que diga qual é mais bela,
Qual é mais pura, se tu, ou ela; 


Que diga Vénus... ela aí vem...
Ai! Enganei-me, que é o meu bem. 


Bocage, in 'A Rosa (Cançoneta Anacreôntica)'

2 comentários:

Opinião.com disse...

Excelente poesias.

Vou seguir e compartilhar poesia é um alimento cultural.
Parabéns.

Unknown disse...

Muito lindo e intenso,apes ap de não entender alguma coisa,viajo na leitura e me encontro, parabéns e obrigado 🙏🙏🙏🙏🙏