Tu, flor de Vénus, corada Rosa,
Leda, fragrante, pura, mimosa,
Tu, que envergonhas as outras flores,
Tens menos graça que os meus amores.
Tanto ao diurno sol coruscante
Cede a nocturna lua inconstante,
Quanto a Marília té na pureza
Tu, que és o mimo da Natureza.
O buliçoso, cândido Amor
Pôs-lhe nas faces mais viva cor;
Tu tens agudos cruéis espinhos,
Ela suaves brandos carinhos;
Tu não percebes ternos desejos,
Em vão Favónio te dá mil beijos.
Marília bela sente, respira,
Meus doces versos ouve, e suspira.
A mãe das flores, a Primavera,
Fica vaidosa quando te gera;
Porém Marília no mago riso
Traz as delícias do Paraíso.
Amor que diga qual é mais bela,
Qual é mais pura, se tu, ou ela;
Que diga Vénus... ela aí vem...
Ai! Enganei-me, que é o meu bem.
Bocage, in 'A Rosa (Cançoneta Anacreôntica)'

2 comentários:
Excelente poesias.
Vou seguir e compartilhar poesia é um alimento cultural.
Parabéns.
Muito lindo e intenso,apes ap de não entender alguma coisa,viajo na leitura e me encontro, parabéns e obrigado 🙏🙏🙏🙏🙏
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