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quarta-feira, 27 de março de 2019

Frémito do Meu Corpo a Procurar-te


Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te, 


Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte! 


E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas... 


E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas... 


Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"


1 comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo blog! Que bom ter pessoas com a alma sensível para poesias tao maravilhas!