loading...

quarta-feira, 13 de março de 2019

Realidade


Em ti o meu olhar fez-se alvorada,
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho. 


Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho. 


Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci... 


Tens sido vida fora o meu desejo,
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei, se te perdi... 


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"


5 comentários:

Fátima Fonseca disse...

Eterna Florbela!

Fátima Fonseca disse...

Eterna Florbela!

Fátima Fonseca disse...

Eterna Florbela!

Fátima Fonseca disse...

Eterna Florbela!

PaTeTa disse...

Adorei esse poema, ainda não a conhecia entra na lista de meus favoritos.