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domingo, 5 de janeiro de 2020

Assim diremos

O que nos diremos quando não
mais pudermos nos ouvir; 
E quando nos tivermos distanciado 
a ponto de nossas mãos não mais 
se entrelaçarem; 
E nossas bocas se procurarem 
na distancia de nós mesmos; 
E nossos lábios ávidos não mais se devorarem; 
E nossos corpos não mais se sentirem e não mais se tocarem; 
Nossos sexos arderem e em solidão se consumirem; 

O que nos diremos quando as dores nos apartarem?

Diremos meias verdades aos ouvidos secos 
dos que não nos amarem; 

Diremos mentiras às línguas vis dos que nos julgarem; 

Diremos sempre , eternamente , às nossas almas, 
as verdades dos altares.

Aurea Julio

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