chegou a primeira vez na minha casa,
eu estava saindo do banheiro, devastada
de angelismo e carência.
Mesmo assim,
ele me olhou com olhos admirados
e segurou minha mão mais que
um tempo normal a pessoas
acabando de se conhecer.
Nunca mencionei o facto.
Até hoje me ama com amor
de vagarezas, súbitos chegares.
Quando eu sei que ele vem,
eu fecho a porta para a grata surpresa.
Vou abri-la como o fazem as noivas
e as amantes.
Seu nome é:
Salvador do meu corpo.
Adélia Prado, in 'Bagagem'
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| Brasil
n. 13 Dez 1935 Escritora |

1 comentário:
Quanta sensibilidade! Maravilhoso!
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